Resolvi trazer a página principal uma discussão que vem sendo realizada no espaço para comentários do post "A culpa é do 'púlitico'!!!!!" de 02 de Junho de 2008.
Naquele post eu defendi o investimento maciço em educação e uma maior pró-atividade dos formadores de opinião deste país como forma para exterminarmos a corrupção e possuirmos representantes mais íntegros e capazes de assumir tal responsabilidade.
Pois bem, fiquei sinceramente surpreso com o último comentário que obtive. Nele Lívio tece alguns argumentos que faço questão de comentar abaixo:
1) "Um mundo sem ordenamento jurídico é um mundo fadado à barbárie."
Concordo em partes com esse argumento. Sim um mundo sem lei alguma é um retorno à era das cavernas, mas um mundo com leis arcaicas e tendenciosas também pode ser considerado uma bomba relógio, ou não?
...
2) "...a retidão de conduta esperada pela vitaliciedade de um cargo político numa democracia é inspirada na conduta moral dos reis, ou seja, na monarquia."
É realmente paradoxal Lívio. Acredito que um sistema de governo que hoje somente serve de pretexto para bancar antigas oligarquias deveria ser apenas lembrado através dos livros de história. Não acredito no pretexto que sendo justo, honrado, transparente e leal um "político" seria considerado um tirano ou incompetente. O revezamento no poder é, ao meu ver, uma das belezas da democracia moderna. Se um servidor público regular já acomoda-se em seu cargo apenas com o benefício da estabilidade de carreira, imagine um ministro do S.T.F. com todo o poder advindo do cargo em suas mãos por tempo indeterminado? Os vícios pessoais e precedentes legais que a mente deste homem carregará ao longo de seu mandato, na minha opinião, afetarão de forma decisiva suas posições no trabalho e consequentemente a vida de toda uma nação. A oxigenação é sim necessária.
...
3) "A meu ver, todos os pleiteantes a cargos políticos deveriam possuir, no mínimo, o bacharelado em Direito."
O direito de opinião é sagrado, mas perdoe-me por também discordar desta afirmação, apesar de sua posição ter me feito analisar friamente a minha própria sobre os "funis" para cargos políticos. Pensei: "Será que realmente seria necessário todo postulante à algum cargo político possuir o bacharelado de Direito?" Acredito que não. Aliás essa afirmação soou para mim como frase feita de professor de Faculdade de Direito na aula inicial de curso: "Retirem um folha almaço e respondam: Porque nossa profissão é importante? Escrevam cinco itens e passem para frente."
Um executor não administra sozinho, ele possuí (ou deveria possuir) uma gama de profissionais que auxiliam sua gestão. Engenheiros, médicos, arquitetos, filósofos e também advogados que munidos de seus conhecimentos específicos auxiliarão a eficiente administração do todo.
...
Assesor jurídico essa é a palavra-chave. Um assessor e nada mais. Quando você não possuí conhecimento aprofundado num assunto procura quem o possuí, isso eu chamo de terceirização de especialidades. Um arquiteto pode sim, sem ser bacharel de Direito, assumir um cargo político. Ao idealizar seus projetos ele irá consultar seu assesor juridíco que, de forma embasada, dará o sinal verde ou não para a proposta ser apresentada em assembléia.
Se todo o cargo (político ou não) que exija alguma noção legislativa demandasse o diploma de advocacia, faltariam carteiras nas universidades caças-níquel distribuídas país afora. Viveríamos então, dentro deste contexto, num mundo de advogados.