domingo, 29 de junho de 2008

Um Mundo de Advogados

Resolvi trazer a página principal uma discussão que vem sendo realizada no espaço para comentários do post "A culpa é do 'púlitico'!!!!!" de 02 de Junho de 2008.


Naquele post eu defendi o investimento maciço em educação e uma maior pró-atividade dos formadores de opinião deste país como forma para exterminarmos a corrupção e possuirmos representantes mais íntegros e capazes de assumir tal responsabilidade.


Pois bem, fiquei sinceramente surpreso com o último comentário que obtive. Nele Lívio tece alguns argumentos que faço questão de comentar abaixo:


1) "Um mundo sem ordenamento jurídico é um mundo fadado à barbárie."

Concordo em partes com esse argumento. Sim um mundo sem lei alguma é um retorno à era das cavernas, mas um mundo com leis arcaicas e tendenciosas também pode ser considerado uma bomba relógio, ou não?

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2) "...a retidão de conduta esperada pela vitaliciedade de um cargo político numa democracia é inspirada na conduta moral dos reis, ou seja, na monarquia."

É realmente paradoxal Lívio. Acredito que um sistema de governo que hoje somente serve de pretexto para bancar antigas oligarquias deveria ser apenas lembrado através dos livros de história. Não acredito no pretexto que sendo justo, honrado, transparente e leal um "político" seria considerado um tirano ou incompetente. O revezamento no poder é, ao meu ver, uma das belezas da democracia moderna. Se um servidor público regular já acomoda-se em seu cargo apenas com o benefício da estabilidade de carreira, imagine um ministro do S.T.F. com todo o poder advindo do cargo em suas mãos por tempo indeterminado? Os vícios pessoais e precedentes legais que a mente deste homem carregará ao longo de seu mandato, na minha opinião, afetarão de forma decisiva suas posições no trabalho e consequentemente a vida de toda uma nação. A oxigenação é sim necessária.

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3) "A meu ver, todos os pleiteantes a cargos políticos deveriam possuir, no mínimo, o bacharelado em Direito."

O direito de opinião é sagrado, mas perdoe-me por também discordar desta afirmação, apesar de sua posição ter me feito analisar friamente a minha própria sobre os "funis" para cargos políticos. Pensei: "Será que realmente seria necessário todo postulante à algum cargo político possuir o bacharelado de Direito?" Acredito que não. Aliás essa afirmação soou para mim como frase feita de professor de Faculdade de Direito na aula inicial de curso: "Retirem um folha almaço e respondam: Porque nossa profissão é importante? Escrevam cinco itens e passem para frente."

Um executor não administra sozinho, ele possuí (ou deveria possuir) uma gama de profissionais que auxiliam sua gestão. Engenheiros, médicos, arquitetos, filósofos e também advogados que munidos de seus conhecimentos específicos auxiliarão a eficiente administração do todo.

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Assesor jurídico essa é a palavra-chave. Um assessor e nada mais. Quando você não possuí conhecimento aprofundado num assunto procura quem o possuí, isso eu chamo de terceirização de especialidades. Um arquiteto pode sim, sem ser bacharel de Direito, assumir um cargo político. Ao idealizar seus projetos ele irá consultar seu assesor juridíco que, de forma embasada, dará o sinal verde ou não para a proposta ser apresentada em assembléia.
Se todo o cargo (político ou não) que exija alguma noção legislativa demandasse o diploma de advocacia, faltariam carteiras nas universidades caças-níquel distribuídas país afora. Viveríamos então, dentro deste contexto, num mundo de advogados.



quarta-feira, 25 de junho de 2008

A melhor de todas!

Muitas vezes os humanos mais ordinários são capazes de genialidades momentâneas:

"A mais torradinha da Ilha."*

*Pixação feita no tapume que cobria os escombros da antiga Pizza na Pedra do centrinho da Lagoa, que sofreu um incêndio em 26 de Maio de 2003 .

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Dr. Leandro

Quando dentro de um carro e protegido pela película negra que impossibilita sua identificação o jovem tímido se sente forte, vivo, respeitado e desafiador. Ali ele é aparentemente intocável. Acelera como poucos, desrespeita a velocidade sugerida e demonstra na prática o seu cartel de movimentos de direção ofensiva. Ao chegar em casa ele, já despido de sua carapuça metálica, retorna a sua vida real e percebe que as suas demonstrações de coragem estavam ligadas apenas ao anonimato momentâneo. Suspira e por alguns momentos volta a pensar em suicídio.
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As crianças riam sem parar e não conseguiam disfarçar a satisfação de mais uma vez obterem sucesso em seus já diários trotes para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. O enredo da pegadinha mudava constantemente, mas via de regra envolvia o uso de um telefone público, assim dificilmente seriam flagradas no ato da ligação.
Longe dali uma senhora cai durante o banho. É socorrida por um familiar que, ao perceber a gravidade da situação, saca o telefone celular e disca 190. Sem sucesso. As linhas congestionadas impedem o chamado. Horas depois a senhora é declarada morta, vitíma de um derrame que poderia ter sido evitado caso o atendimento não fosse tardio.
As crianças, já em casa, dormem o sono dos inocentes, acreditam cegamente que as suas brincadeiras nunca afetarão de forma decisiva a vida dos demais, mas, caso afetem, sabem que sairão ilesas protegidas pelo anonimato.
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Era um funcionário medíocre as vistas dos companheiros, suas contribuições a companhia eram restritas as tarefas diárias e nada mais. Pouco falava e quando questionado respondia monossilabicamente, quase sempre de acordo com a maioria dominante.
Entretanto, secretamente, enviava de forma compulsiva sugestões pela caixa da ouvidoria para os comandantes da empresa. Com a ficha na mão desempenhava uma função importante, vislumbrava soluções para os problemas da coorporação de forma genial, antevia oportunidades fantásticas de negócios e sugeria mudanças que agradavam tanto as chefias como os colaboradores. Os gerentes faziam reuniões periódicas e discutiam por horas as idéias por ele enviadas, porém não sabiam a quem pertenciam, tudo porque o sujeito assinava suas sugestões sempre com um pseudônimo: Dr. Leandro.
Certo dia sugeriu, através de seu pseudônimo, um corte imediato de pessoal na organização. Provou de forma embasada que aquela era a única saída para a empresa manter-se viva no mercado. Aguardou um momento de solidão e depositou sua proposta na caixa da ouvidoria. Dias depois teve uma enorme surpresa ao se deparar com uma carta remetida pela direção, leu copiosamente a notícia que seria demitido. Motivo: corte de pessoal.
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Em breve divulgarei aqui o nome completo, a página no Orkut e o email pessoal do Dr. Leandro, que de Doutor não é chamado nem pelo flanelinha mais tosco.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Pergunta que não quer calar

Será que a mulheres dos pescadores da Avenida Beira-Mar não ficariam envaidecidas ao flagrarem seus maridos realmente "pescando" na famosa avenida, ao invés de estarem cometendo adultério como o esdrúxulo álibi sugere?

Conversa cotidiana

- Que achas de pegar um cinema hoje?
- Pô, pode ser.
- Tem um filme muito bom em cartaz. Elogiadissímo por vários críticos e ainda por cima é um campeão de bilheteria. Acho que vale a pena conferir.
- É? Então pode ser.
- Mas tu não sai de cima do muro não?
- Como assim?
- Para mim quem fala muito 'pode ser' não tem opinião. Paga para não pensar e suborna para não tomar partido. Vive acomodado a sombra das vontades do outros e está condenado a viver como um marionete na mão dos demais.
- P....
- Porque parasse? Que ias dizer?
- Melhor não.

terça-feira, 10 de junho de 2008

A pedra e a vidraça

Como é fácil ser pedra e como se aprende sendo vidraça.
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De um lado o promotor público, dono das mais altruístas visões, amigo do povo, companheiro da justiça, caminhando sempre ao lado dos bons costumes e da retidão de caráter. Do outro lado todos os outros, nós humanos desprezíveis, leigos no trato com a lei, aspirantes a alcançar o caminho dos céus, a glória de um dia passar incólumes as pedras atiradas pelo primeiro.
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Era uma segunda-feira e a cara deslavada daquele 'defensor do povo' me enojava. Num discurso de três (intermináveis) minutos conseguiu proferir cinco vezes o seu já famoso chavão:"atuo não em causa própria e sim pelo bem público". Pois bem neném comece apoiando a reforma no judiciário que objetiva acabar com as brechas e benefícios intermináveis que os seus nobres colegas de profissão abriram e se auto-gratificaram ao longo do nosso 'amadurecimento legal'. Quem sabe assim seu discurso soe menos hipócrita.
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A vidraça, em seu corner, apenas recebe as bofetadas. Atirada aos leões busca entender o motivo de tanta ira: "As leis são impraticáveis, umas desdizem as outras, demonstram-se arcaicas e dificilmente me defendem. Os que me julgam através deste emaranhado de 'armadilhas sutis' são os mesmos que as armam. Algo está fora da ordem...".
Massacrada e humilhada a vidraça junta seus cacos enquanto observa de longe a pedra vangloriar-se pelo feito: "quem não andar na linha, irá sofrer as consequências. Eu sou a lei".
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Como está não dá pra ficar, enquanto isso mantenha suas janelas protegidas pelas venezianas...

sábado, 7 de junho de 2008

De lá pra cá

Ditado italiano extraído da obra Máximas e Mínimas do Barão de Itararé:

"Chi vo non po;
Chi po non vo;
Chi sa non fa;
Chi fa non sa.
E cosi il mondo mal va".

Trocando em miúdos:

"Quem quer não pode;
Quem pode não quer;
Quem sabe não faz;
Quem faz não sabe.
E assim o mundo vai mal."

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Cabe como uma luva para um certo país ao sul do Equador, não?

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Toda unanimidade é burra?

- O Jô é inteligentíssimo. Realmente não durmo sem assistí-lo.
- O Jô é um fanfarrão.
- Nossa! Não acredito que não gostas do Jô. Ele é uma daquelas unanimidades.
- Não acredito em unanimidades.
- Sério? Vais me dizer que não gostas do Beatles também?
- Não, não gosto deles.
- Mas eles são uma unani....
- Sei, unanimidade né?
- Poxa os caras revolucionaram a música moderna, atrairam multidões, influenciaram muitos gênios da música. Até hoje vendem mais que muito artista contemporâneo.
- Sei lá, acho que eles nunca me impressionaram. Talvez se tivesse vivido naquela época eu....
- Shhhh. Só um pouco. Tá começando Friends.
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segunda-feira, 2 de junho de 2008

A culpa é do 'pulítico'!!!!!

Como é costumaz ouvir essa frase não? Ela possuí variações como: "Detesto política", "Queria que todos os políticos fossem mortos", etc... Besteira, besteira e mais besteira.
As raízes da formação do nosso país tropical nos explicam uma parte do conceito da maioria da nossa população quanto aos seus representantes legais. Nossa unidade federativa foi colonizada (em grande parte) pela escória humana dos nossos colonizadores. Franco demais? Para explicar meu ponto de vista pergunto: Que tipo de ser humano em sã consciência embarcaria numa viagem aos confins do novo mundo se gozasse de uma boa vida na metrópole? Escória. E depois de um período de colonização, que tipo de ser humano vislumbraria no Brasil uma forma de tornar-se rico rapidamente e largaria sua vida na Europa para conviver com os selvagens americanos? Escória ambiciosa. Posso continuar mas acho que já entenderam meu ponto.
A famosa "Lei de Gerson" vem das profundezas do nosso povo, dos italianos que brigavam por cercas posicionadas de forma mal-intencionada, dos holandeses tarados por açúcar, dos portugueses covardes que fugiram como ratos da França de Napoleão... Somos um povo movido por levar vantagem e com visão de curtíssimo prazo. Pergunte para qualquer empregador americano de jovens universitários brasileiros a sua taxa de satisfação quanto ao trabalho dos mesmos. Não atirem pedras em mim, sei que toda regra tem sua exceção e existem muitos brasileiros confiáveis e trabalhadores e, otimista por natureza, acredito que esse número vem aumentando exponencialmente.
Toda essa introdução foi necessária para defender minha opinião central: cada país possuí os governantes que merece. Se hoje nossos políticos roubam feito loucos é porque a cultura do nosso Brasilzão permite. As leis não são cumpridas e as autoridades não possuem, na verdade, autoridade nenhuma. Ok falar é fácil, qual a solução? A solução meus amigos reside em dois fatores principais: educação e pró-atividade.
Dizer que educação salva um país é chover no molhado, mas é totalmente verdade. Numa guerra um povo perde seus edifícios, riquezas e até territórios, mas de forma nenhuma perde seu aprendizado. Um povo culto é um povo vencedor, crítico, não acomodado e empreendedor.
A revolução sábia é realizada de dentro para fora. Se hoje os políticos que nos representam deixam a desejar não reclame como uma velha e participe do pleito político. Pró-atividade.
Não é necessário afiliar-se a um partido ou ainda lançar-se como candidato a presidente defendendo a bomba atômica para participar ativamente da administração do nosso país. Analise, seja crítico, não fuja de debates políticos, se interesse pelas discussões em trâmite (acredite, um dia essas decisões de alguma forma afetarão sua vida) e vote, mas vote consciente. . Defenda-se antes que seja tarde demais. Chavão: a melhor defesa é o ataque.
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Moral da história:
Não jogue a responsabilidade para o barbudo que nos representa hoje no mundo, não culpe o careca bigodinho de Hitler que administra nosso Estado e não julgue o brega que administra a nossa cidade. Eles são a mais democrática cara do nosso povo.
"Quem cola, 'num' saí da iscola!"