sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A verdadeira corrente


Boas ações, pequenos gestos. Passe adiante, sempre!

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O muro

Lá de cima posso ver o mundo
É tranquilo, seguro
Talvez não me notem aqui
E se nunca me perceberem?
 
Quem sabe à direita?
Ou então à esquerda?
Na indecisão, melhor aguardar
Minhas pernas dóem
 
Sempre fiquei aqui
Porque sair agora?
Minhas idéias, são só minhas
Me sinto mudo
 
Para aonde vão todos?
Será perigoso?
Melhor calar-me
Virão me  buscar?
 
Devia ter escolhido
Me posicionado
Fui covarde
E agora estou só
 
....
A vida passa, com uma velocidade muito superior a que a sua vã filosofia possa compreender.
Na dúvida, fale, na questão, se posicione, no medo, reaja.
...
Saia de cima do muro.  
 
 
Em geral, chamamos de destino as asneiras que cometemos.

Arthur Schopenhauer

A gente é quem sabe pequena...




"..ah vai, me diz o que é o sossego
Que eu te mostro alguém afim de te acompanhar
E se o tempo for te levar
Eu sigo essa hora e pego carona pra te acompanhar..."

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Sobre a greve

Por já ter estado dos dois lados da mesa, ocupando cargo comissionado e atuando como servidor estatutário da Secretaria de Estado da Saúde, me sinto na condição de poder comentar da forma mais isenta possível sobre a atual situação de greve nos serviços de saúde públicos estaduais, mais pontualmente em suas unidades hospitalares e o Hemosc, que afetam os pacientes que mais necessitam do atendimento gratuito oferecido pelo Sistema Único de Saúde.
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Primeiramente devo admitir que sim, os servidores da saúde que vestem a camisa, aproximadamente 60% do total, possuem salários defasados frente aos vencimentos recebidos por servidores de outros órgãos estaduais como Tribunal de Contas do Estado, Assembléia Legislativa e Secretaria da Fazenda. Assim como em todos os órgãos públicos que possuem estabilidade, na Secretaria da Saúde estadual existem os servidores que produzem e, com muita razão, mereceriam um holerite mais polpudo que os outros que também estatutários e ligados ao mesmo órgão, além de comprometerem o resultado global da instituição com atuações medíocres, quando podem roubam o erário público se beneficiando de brechas legais para aumentos salariais e ganhos indevidos de gratificações eventuais, como horas-extras por exemplo.
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É verdade porém que o mercado regula os ganhos por categoria, o maior número proporcional de pedidos de exonerações dentro da Secretaria de Estado da Saúde está ligada a classe médica que, contando com sua capacidade de empregabilidade, deixam a estabilidade de lado por projetos financeiramente mais atrativos e/ou mais interessantes. Neste ponto enfermeiros, técnicos de enfermagem, técnicos administrativos e outras classes laborais sabem que o mercado lá fora ainda não compensa em muitos casos abrir mão de uma benesse questionável como a estabilidade e um salário fixo no fim do mês por uma aventura na iniciativa privada que, em sua maioria, ainda paga pior e com menor complemento de benefícios que a iniciativa pública, neste caso específico, estadual.
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A hora-plantão foi criada como exceção e com o passar dos anos, por interesse mútuo de servidores e gestores, foi se tornando regra. É bastante difícil hoje em dia encontrar um servidor lotado num hospital da rede estadual que não realize horas-extras, sejam elas horas-plantão (com remuneração 1,5 mais interessante em relação a valor que uma hora normal de trabalho regular) ou sobreavisos (0,5 do valor de uma hora normal de trabalho e sem exigência de presença no local de trabalho, sendo acionado em casos de emergência). Para o governo estadual, ou seja para o erário público, hoje, também devido as progressões funcionais dos servidores, é mais intessante financeiramente contratar novos servidores com carga horária de 30 horas semanais que pagar horas-extras como atualmente está, praticamente, institucionalizado. Em termos simples é uma proporção de economia na faixa de 40%, ou seja, com o mesmo investimento o estado terá maior capacidade de oferta de serviços, consequência da possibilidade da contratação de novos servidores.
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Logicamente os servidores que atualmente efetuam horas-extras, como passarão a não mais executá-las após a nomeação dos novos servidores contratados em contrapartida ao corte destas gratificações eventuais, sofrerão perdas financeiras individuais, ou seja, haverá um impacto social, muito mais grave nos casos de servidores que, inadvertidamente, comprometeram seus ganhos eventuais com compromissos longos e, por vezes, empréstimos impagáveis.
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Assim surgiu a atual greve na saúde estadual e após a primeira paralisação o Governo Estadual prometeu rever essa estratégia até segunda ordem, deixando prevalecer o interesse privado/individual sobre o interesse público na busca por não criar prejuízos imediatos para a população. O ganho de servidores que atingiria todas as unidades hospitalares cessou e tudo voltou a estaca zero. Mesmo com a promessa de não cortar horas-extras até a negociação da data base dos servidores estaduais em fevereiro do próximo exercício, o movimento grevista não se viu satisfeito e apresentou nova pauta com pouquíssimo apelo frente à opinião pública: trabalhar menos e ganhar mais.
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As negociações engessaram a partir daí  e, sem capacidade financeira presente e futura para oferecer maiores ganhos para os servidores, o governo manifestou sua intenção de apenas negociar ganhos futuros após o fim da greve. Após esta declaração governamental, ações que poderiam ser classificadas como terroristas foram executadas por pessoas ligadas ou insulfladas pelo Sindicato de Servidores da Saúde, o Sindsaúde. O resultado foi óbvio, a população que já não se sentia sensibilizada com a atual epidemia de greves no serviço público em todas as esferas governamentais, não perdoou as atitudes dos grevistas da saúde catarinense. Hoje o governador, apesar da pressão pelo retorno da oferta regular de consultas e cirurgias eletivas, tem apoio da maioria da população, mídia e justiça em manter a posição de que somente haverá negociação com retorno dos grevistas ao trabalho.
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Entendo que as conquistas salariais se dão num planejamento de décadas, de preferência através de uma tabela de progressão previamente estabelecida e pautada em critérios de meritocracia e eficiência, ou seja, com resultados diretos para o maior interessados no serviço, a população. Aumentos salariais lineares (para todos os servidores indistintamente) são condenados pela opinião pública e, com certeza contraproducentes. Importante destacar que a estratégia do sindicato da saúde é a mesma há quase cinquenta anos,  a paralisação dos serviços. Claramente ela não funciona e não possuí apelo público. A pergunta que fica é: a quem interessa uma estratégia falida, que ataca diretamente quem poderia respaldar suas reivindicações?
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A greve é mais uma consequência do falido sistema de vínculo empregatício adotado pelo serviço público no Brasil. A estabilidade mata o indivíduo através de uma intrincada lógica na qual, falsamente seguro pelo vínculo e salário estáveis, ele começa a depender totalmente do estado, torna-se obsoleto pela falta de interesse em capacitar-se  para galgar avanços na carreira e boicota novos projetos que possam destruir sua zona de conforto, mesmo que estes projetos beneficiem uma parcela considerável da população que paga o seu salário.
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O serviço público como se apresenta se demonstra cada vez mais inviável, ao primeiro olhar saltam as consequências superficiais, somente um olhar mais apurado consegue identificar as reais causas que tornam a manutenção dos serviços executados diretamente pelo governo ineficientes e caros. Caberá ao governante que tenha real compromisso com o bem estar da população e valorize os impostos pagos por ela, realizar o tão sonhado choque de gestão, mexer nas estruturas que já não mais sustentam o interesse público e sim privados (inclusive interesses privados de servidores públicos).
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Sabendo que a compra dessa briga possa lhe custar a próxima eleição,  há alguém disposto para o serviço? 

Dia especial


"Se alguém já lhe deu a mão e não pediu mais nada em troca, pense bem, pois é um dia especial..."

A benção


"A religião supre o juízo e a razão que falta em muita gente."
 
Marquês de Maricá