Com o intuito claro de utilizar o comércio de automóveis para "aquecer" o mercado, o Governo Federal, através do Ministério da Fazenda, mais uma vez dá demonstração clara da política que predomina nos últimos anos no Brasil: a política do paliativo. Diminuir por prazo determinado a incidência do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre o valor de fabricação de carros no país, freia imediatamente a cobrança desta indústria de uma reforma tributária que o governo insiste em não executar, numa atitude covarde que não ataca de forma consistente os motivos que causam o encalhe de automóveis nos pátios das montadoras brasileiras.
Atualmente quarto maior mercado mundial de automóveis, a indústria brasileira sofre para competir com outros produtores, nosso custo de produção é 60% maior que chinês e 40% maior que o mexicano, o principal motivo é a extensa, e densa, tributação, mas existem outros como alto custo de logística e o alto valor da mão-de-obra em alguns dos mais importantes centros produtores.
A saída, talvez a não mais popular, é a imediata revisão dos impostos que oneram a indústria produtiva no país, implementada através de reduções lineares programadas e não pontuais oportunistas como tem ocorrido, do contrário continuaremos a vivenciar uma instabilidade econômica, mascarada por políticas governamentais que não solucionam as causas, atacando apenas de forma arriscada as consequências.
Com potencial de tornar-se um grande exportador de automóveis, o Brasil perde a chance de num ótimo momento arrumar a casa e prosperar de forma duradoura, a atual movimentação causa preocupação na atual conjuntura mascarada por discretos crescimentos do PIB e por uma questionável blindagem frente a crises econômicas externas.