sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O irmão menor

Santa Catarina é o irmão menor, pronto, acabei com o suspense do título do texto. Mas a pergunta que fica é: irmão menor em que sentido? Irmão menor em relação aos demais Estados da Federação, não o caçula, mas o do meio para o fim, sem a atenção que recebeu o irmão mais velho (que hoje é adulto) e do caçula que fora tratado a pão-de-ló, quase como um neto pela própria mãe (por essa razão recebeu mais condições para se desenvolver).
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Santa Catarina já reclamou da negligência da própria mãe, berrou, esperneou e buscou todo o tipo de ajuda possível, mas a mãe, mesmo sabendo que não trata como deve seu filho, o mantém sobre seus largos, mas desprotegidos, braços. Para se defender diz que Santa Catarina é seu filho mais independente, tem criação européia e é beneficiado pela natureza, que nasceu “de quina para a Lua” e por isso precisa menos de apoio que seus outros 26 irmãos.
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A mãe elogia seu filho independente pela sua organização, pela sua educação e pelo respeito que seus outros irmãos têm pela sua famosa honestidade e fibra. Diz que é o filho que deu certo, não é o mais rico, nem o mais belo, mas um modelo de equilíbrio para os demais. Quando pede, e normalmente recebe um sonoro não, Santa Catarina baixa a cabeça e continua a trabalhar, tenta entender que a mãe deve ajudar seus irmãos em necessidade primeiro ou contribuir com o crescimento dos irmãos mais ricos para que seu desenvolvimento ajude toda a família em escala.
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Por trás seus irmãos, e até a sua própria mãe caçoam de Santa Catarina, expõe sua passividade e ingenuidade, aproximam-se da genitora e, muitas vezes, tomam decisões isoladas com ela que atingem diretamente (muitas vezes negativamente) seus interesses. É sabido também que muitos irmãos invejam Santa Catarina e por isso buscam o ataque como uma forma de proteção, sabem, porém, que se a mãe contribuísse um pouco mais com esse rebento poderiam ter sua incompetência ainda mais destacada, são também cientes de que a beleza de Santa Catarina começou a despertar olhares de fora da família e que logo este irmão passará a ter ainda mais destaque. Sua beleza está sendo aprimorada e suas raízes colaboram para a busca incessante pela eficiência no seu trabalho.
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O irmão menor sofre calado há décadas, passou por calamidades com quais teve de se virar sozinho, sempre contribuiu mais do que recebeu em troca e somente se sente parte da família em épocas de Copa do Mundo (aliás perdeu a chance de ser uma das sedes do evento para cidades sem nenhuma participação considerável no esporte como Cuiabá, Manaus e Rio Grande do Norte).
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Santa Catarina precisa dizer chega, o irmão menor deve buscar emancipação o quanto antes.

Steve Jobs: o eterno aprendiz


Série "20 certezas futuras"

Certeza Futura número 20: "O Brasil não será campeão da Copa 2014."

Ninguém é insubstituível

Sei que o que vou escrever vai desapontar alguns, eu também estou um pouco desapontado frente a esta realidade irremediável: ninguém é insubstituível. Acredite isso é bom e parte da majestosa evolução humana está ligada a esta máxima.
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Quando um namorado diz para a sua amada que sem ela não vive está, obviamente, mentindo, ninguém jamais morreu de saudades e só deixou de viver quando agiu em prol desta causa (suicídio). Algumas pessoas possuem bastante dificuldade de lidar com perdas, sejam elas materiais ou sentimentais, complicam sua vida e dos demais por causa desse falso sentimento de perda. A grande verdade é que somos passageiros e como tal estamos sempre sujeitos a novos embarques, seja em uma relação ou ainda na passagem desta para uma “melhor” (não discutirei aqui visões pós morte).

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No campo do mundo profissional o processo é semelhante, a aposentadoria ou a saída repentina de um membro pode sim trazer transtornos passageiros, mas, incluído nesse fluxo, encontram-se também grandes oportunidades de transformações que podem gerar ótimos frutos para as empresas e para seus colaboradores. Talvez o substituto não faça o serviço ou gerencie a equipe da mesma forma que seu antecessor, mas, de acordo com suas características únicas, pode criar um vínculo ainda mais interessante para os resultados da organização.
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Boa parte das revoluções na forma de pensar do ser humano estiveram sempre ligadas a queda de um líder com um pensamento reinante, muitas vezes equivocado, novas formas, mais contemporâneas de pensamento se sobressaíram e redirecionaram o foco das atenções humanas para questões que criaram inovações contributivas para o bem estar coletivo humano. Se os grandes pensadores não tivessem insistido em vossos estudos provavelmente até hoje pensaríamos que a Terra está no centro do Universo (alguns pensam que seu umbigo é o centro do Universo, mais isso é outra história).
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Ame com muito vigor e nunca esqueça de dizer o quanto gosta da presença da pessoa amada, saiba que seu cargo não será sempre seu e, caso esteja ainda pleiteando uma nova promoção, busque seu lugar ao sol pois saiba, tanto no amor quanto na vida profissional, ninguém é insubstituível.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Emenda 29 Já!

Na já longíqua data de 13 de Setembro de 2000, numa sessão solene com cobertura midiática expressiva e com apoio do governo e da oposição, foi publicada a Emenda Constitucional 29 (uma espécie de remendo da Constituição Federal), esta, porém, tinha um propósito para lá de louvável: assegurar os recursos mínimos para o financiamento das ações e serviços públicos de saúde. Enquanto unidades federativas e municípios se viram como podem para manter o SUS forte e em funcionamento, o Governo Federal empurra com a barriga sua regulamentação, descumprindo vergonhosamente uma diretriz criada por si próprio.

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A EC 29 regula os percentuais orçamentários anuais minímos de investimento que os entes governamentais devem realizar na área da saúde de sua população. Municípios 15%, Estados 12% e 10% pela União, atualmente o Governo Federal não investe nem 5% do seu PIB em saúde, sendo que em 2009 esse percentual não alcançou 3,4%. Esse subinvestimento faz com que estados e municípios disponibilizem fatia maior de suas receitas para cumprir um papel que não seria seu. Hoje Santa Catarina, por exemplo, investe 13% de seu PIB em saúde e alguns de seus municípios chegam a faixa de 25%. Caso não seja regulamentada, a falta de investimento federal na saúde poderá inviabilizar o SUS, seja no financimento de seus hospitais cadastrados, seja no aporte de recursos para campanhas de prevenção.

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De lá para cá, 11 anos depois, quatro mandatos para presidentes, aumento descomunal do PIB brasileiro e também da arrecadação de tributos federais, a dita cuja ainda não foi regulamentada e pelo jeito, de acordo com as últimas declarações da presidência, não será neste mandato...a menos que...mais impostos para o povo surjam para "tampar" este buraco. É incrível o descaso e falta de senso de prioridade do atual governo para com esta sensível área, jogar a saúde pública contra a população através de uma condicional de compromisso X aumento de tributos é um crime hediondo.

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Quem vive o dia a dia da saúde pública sabe que quem sofre com esse jogo de empurra é o povo que procura atendimento público de saúde, o SUS, sistema elogiado mundo afora por sua estrutura integral e universal de atendimento, está na UTI devido ao seu subfinanciamento. Manter hoje um hospital 100% SUS é certeza de prejuízo (e dos grandes). A minha sugestão é a revisão do repasse para outros fins (legislativo e judiciário) visando atender os índices mínimos de repasse para a saúde. Mesmo com o avanço social notável conquistado pela população brasileira, após a estabilização da economia no governo FHC, a saúde continua a doer como um calo que não sara e dificilmente será curado caso o Governo Federal não abra os bolsos de forma digna.

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"De que adianta gestão eficiente, sem o devido tostão para atender tanta gente?"

Carpe Diem

"Viva todos os dias como se fosse o último. Um dia você acerta."

Luis Fernando Verissimo