Matéria da Revista EXAME desta quinzena diz tudo: "Quanto mais eles têm, mais eles querem". Versa sobre a atual onda incontrolável de greves do funcionalismo público que assola o país. Ao contrário dos argumentos que utilizam para justificar seus braços cruzados, os servidores, principalmente os federais, possuem alguns dos empregos mais cobiçados no mercado: muitas vantagens, pouco compromisso.
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Nada de meritocracia, passou na prova está no cintilante mundo dos intocáveis. Assim pensa uma grande parcela das cabeças por trás das greves no funcionalismo público, esquecem que o papel de servidor é servir, colocam seus interesses privados em primeirissímo lugar e não medem atitudes, mesmo que socialmente condenáveis, para alcançar seu intento (normalmente maiores vencimentos, vantagens, menor horário, etc...).
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Penso que os sindicatos devem se reinventar. Dificilmente se conhece um sindicato que não tenha apoio jurídico, mas conta-se nos dedos os que possuem o apoio de um economista em sua equipe. Como negociar com o governo, que está exposto a fatores econômicos internacionais, sem ao menos buscar entender como se constrói um orçamento, ter ciência sobre análise de cenários de impactos financeiros futuros e entender o perigo de infringir a Lei de Responsabilidade Fiscal?
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Teria muito mais respeito pelos movimentos grevistas se estes seguissem líderes que baseiam suas reinvidicações em argumentos plausíveis e bem estruturados contemplando aspectos jurídicos, financeiros e sociais. Índices de melhoria na qualidade dos serviços poderiam ser utilizados como forma de negociação: "faremos mais com maior investimento", "hoje estamos assim, nos comprometemos a atingir este nível sob pena de diminuição de salários" ou ainda "diminuiremos custeio e em troca receberemos uma porcentagem desse resultado."
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Infelizmente esse é um sonho longíquo, talvez um dia avancemos nessa direção. Atualmente, no entanto, o que temos é um amontoado de fardos humanos, lentos, improdutivos e descompromissados pensando muito mais no próprio umbigo e no seu bolso que num futuro não tão distante no qual seus filhos e seus netos trabalharão três vezes mais para carregar nas costas esse peso que está sendo jogado em seus braços sem ao menos poderem participar ativamente desta decisão. Será que os exemplos atualíssimos da França, Espanha, Grécia e Portugal não nos ensinaram nada?