sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

I belong with you...

...
I've been trying to do it right
I've been living a lonely life
I've been sleeping here instead
I've been sleeping in my bed,
I've been sleeping in my bed
...

Fumou mas não tragou?

http://oglobo.globo.com/economia/roberto-carlos-nao-tocou-no-bife-diz-fernando-meirelles-sobre-campanha-da-friboi-11747664

Meu crime? Empreender no Brasil



Ao ler hoje o artigo do Sergio Barcelos no Globo, que versa sobre as dificuldades de ser empreendedor no Brasil, fui tomado por uma inquietação enorme, uma vontade de gritar e de buscar opções de negócios fora do meu país de origem. Ao retornar os olhos ao notebook um pop-up de cursos preparatórios para concursos públicos no país, o que para alguns seria um sinal divino, para mim soou como uma provocação. Decidi então escrever sobre o que acho da rotina ingrata de viver como empresário num país que fomenta a dependência do estado ao mesmo tempo que cria uma trilha de martírio para os seus empreendedores.

As diferentes instâncias de governo atualmente quase que obrigam os empresários a cometerem "desvios" e atuarem de forma ilegal, a sonegação fiscal é endêmica e acaba penalizando os bons pagadores em detrimento daqueles que fraudam o sistema com a defesa que "se assim não fizer, vou a falência no próximo mês".  Não à toa os escritórios de contabilidade estão faturando como nunca, assim como os escritórios de advocacia administrativa...

A verdade é que não se percebe se percebe um movimento estrutural de desonerações em prol do empreendedorismo e, por consequência, da inovação da indústria brasileira, as ações são pontuais, temporárias e, quase sempre, voltadas para ramos com interesse eleitoral dos gestores eleitos pela mesma população que foi as ruas em junho exigir melhores serviços públicos. Irônico não?

Não à toa a busca pelo emprego público tem crescido tanto no Brasil, aproximadamente 70% dos jovens brasileiros recém formados no ensino médio sinalizam o serviço público como a opção mais desejada de carreira, o que para alguns pode soar como nacionalismo ou patriotismo na verdade indica uma clara opção pela estabilidade e a notória falta de confiança na economia brasileira. Uma saída "fácil".

Como consequência dessa realidade temos o aumento do peso da máquina estatal, fato que acaba atuando como justificativa para os aumentos de impostos e, por consequência, da dificuldade de empreender no Brasil. O ciclo maligno assim se fecha tornando o Brasil fadado a vendedor de commodities ad eternum, sem agregação de valor aos seus produtos, cada vez mais dependente das economias da inovação e sensível as flutuações do comércio mundial. Nossa indústria não é competitiva, nenhuma política protecionista consegue disfarçar essa realidade.

Não me refiro aqui a um problema criado por um partido apenas ou uma gestão, minha angústia é em relação a passividade histórica do povo brasileiro e a sua dependência, em progressão geométrica, do estado. A previdência social com seu déficit galopante é uma bomba-relógio, pronta para explodir. A população exige seus direitos muitas vezes esquecendo seus deveres, reclama do atual modus operandi, onde paga caro pelos serviços e recebe um péssimo retorno em todas as áreas, porém não luta, não discute, não se envolve e na próxima eleição volta a votar mal. O brasileiro é aquele cliente que reclama que o prato está sujo, esbraveja quando paga a conta entretanto volta a frequentar o restaurante. A mudança começa desse lado da mesa, não espere que os históricos beneficiados por um modelo paternalista, porém omisso, resolva esta questão por você.

Sei que mudança é gradual, lenta, mas deve iniciar o quanto antes, do contrário o Brasil perderá a sua janela de oportunidades e também o bonde da história. Se individualista realmente fosse, não perderia meu tempo dividindo minhas angústias através de um texto, é muito fácil entrar no esquema e viver com luxo, mas e a consciência?

A esperança está por um fio, o patriotismo também.